Big Data e Gestão de Dados
Big Data e Gestão de Dados
1. Introdução
A era digital trouxe consigo uma revolução na maneira como interagimos com o mundo e, consequentemente, na quantidade de dados gerados. Desde o início do século XXI, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), como a computação em nuvem, a internet das coisas (IoT) e as redes sociais, causaram um aumento contínuo e sem precedentes no volume e velocidade de dados. A cada dia, aproximadamente 1 zettabyte de dados é gerado, e em 2012, a produção diária já atingia 2,5 exabytes. Este crescimento exponencial apresenta um desafio significativo para os sistemas de processamento e armazenamento de dados tradicionais, que não foram projetados para lidar com volumes e complexidades tão grandes.
Nesse contexto, surge o conceito de Big Data, que não se refere apenas ao volume massivo de informações, mas também às técnicas e tecnologias avançadas de análise que permitem extrair valor e conhecimento desses conjuntos de dados complexos. Este artigo detalhará a evolução do cenário de dados, as características e tecnologias fundamentais do Big Data, suas diversas aplicações em empresas e governos, e a importância da gestão da informação, do conhecimento e dos dados para otimizar a tomada de decisões e garantir a segurança neste ambiente digital em constante expansão.
2. Evolução das Informações e dos Dados
A evolução tecnológica, marcada pela popularização da internet e, mais tarde, pela ubiquidade dos smartphones e dispositivos IoT, transformou a geração de dados em um fluxo contínuo e massivo. Cada ação realizada online – seja enviar um e-mail, interagir em redes sociais ou usar o GPS do celular – deixa rastros digitais que se convertem em dados valiosos. Essa "dataficação" dos consumidores, que quantifica grande parte ou a totalidade dos comportamentos humanos para fins de marketing, é um fenômeno notável.
Historicamente, a maioria desses dados era ignorada. No entanto, percebeu-se que, quando bem aproveitados, esses dados podem ser extremamente valiosos, oferecendo informações em tempo real para empresas e insights sobre o comportamento social para governos. Este reconhecimento da importância dos dados gerou a demanda por novas soluções e tecnologias para auxiliar em sua gestão, culminando no surgimento do Big Data.
Apesar dos benefícios, o crescimento da coleta de dados também levanta preocupações significativas sobre a privacidade e a segurança da informação. A qualidade dos dados, por sua vez, tornou-se um desafio crucial para as organizações manterem-se competitivas. Iniciativas como o Total Data Quality Management (TDQM), proposto por Madnick e Wang em 1992, e baseado na estrutura de Gerenciamento de Qualidade Total (TQM) do MIT, surgiram para promover a melhoria contínua da qualidade dos dados. A diversidade de fontes de dados, no entanto, continua a causar uma sobrecarga de informação, exigindo profissionais especializados em gestão da informação.
3. Big Data
O termo Big Data refere-se primordialmente a conjuntos de dados tão grandes ou complexos que não podem ser processados por softwares tradicionais. Embora o volume seja uma característica importante, o conceito vai além, englobando os desafios de captura, armazenamento, análise, busca, compartilhamento, transferência, visualização, consulta, atualização, privacidade e fonte de dados. O "tamanho" que qualifica um dado como "Big Data" é um alvo em constante movimento, dependendo das capacidades das ferramentas e dos analistas. Em 2012, esse tamanho variava de algumas dezenas de terabytes a muitos zettabytes.
Big Data não é apenas uma tecnologia; é uma abordagem que impulsiona as organizações a extrair valor de conjuntos de dados massivos, diversos e complexos. O uso preditivo de análises, análises de comportamento do usuário e outros métodos avançados de análise de dados são centrais para o Big Data, permitindo encontrar novas correlações para identificar tendências de negócios, prevenir doenças, combater crimes, entre outros.
3.1. Big Data vs. Business Intelligence
É fundamental diferenciar Big Data de Business Intelligence (BI). Enquanto o BI utiliza ferramentas de matemática aplicada e estatística descritiva com dados de alta densidade de informação para medir e detectar tendências, o Big Data emprega análise matemática, otimização, estatística indutiva e conceitos de identificação de sistemas não lineares para inferir leis e relações (regressões, efeitos causais) a partir de grandes conjuntos de dados com baixa densidade de informação, visando prever resultados e comportamentos.
3.2. Dados Estruturados vs. Não Estruturados
No contexto do Big Data, a estruturação da informação é dividida em dois tipos principais:
- Dados Estruturados: São dados com uma estrutura predefinida, organizados em linhas e colunas numéricas, como em bancos de dados relacionais. Exemplos incluem informações de vendas, localização, perfis de clientes de sistemas ERP, CRM, financeiros ou de RH. São facilmente quantificados e transferíveis.
- Dados Não Estruturados: São os mais complexos de se trabalhar, pois não possuem uma estrutura predefinida nem relações claras entre si. Exigem intervenção humana ou ferramentas específicas para sua preparação e análise. Incluem posts de mídias sociais (Facebook, YouTube, Instagram), vídeos, imagens, textos, áudios e dados de geolocalização.
As soluções de Big Data são criadas especificamente para lidar com o grande volume e a complexidade dos dados não estruturados, o que as diferencia das ferramentas "comuns" para dados estruturados.
4. Exemplos de Uso de Big Data
O Big Data tem transformado diversos setores, desde o governo até a ciência e o varejo.
- Governo: Usado para eficiências de custo, produtividade e inovação. Exemplos incluem a vigilância da NSA para padrões de atividades suspeitas, o uso da Plataforma de Operações Conjuntas Integradas (IJOP) na China para monitorar a população (especialmente uigures e pontuação de "crédito social") e a análise de dados para campanhas eleitorais nos EUA (Barack Obama em 2012) e na Índia.
- Desenvolvimento Internacional: Contribuições importantes para saúde, emprego, produtividade econômica, segurança e gestão de desastres. Exemplos práticos incluem a previsão de pobreza e riqueza usando metadados de telefonia móvel e imagens de satélite combinadas com aprendizado de máquina.
- Finanças: Acelera o processamento e oferece inferências mais informadas para decisões de investimento, gestão de portfólio, gerenciamento de riscos e outras áreas com grandes volumes de dados. É um conceito típico em serviços financeiros alternativos, como plataformas de crowdfunding e exchanges de criptomoedas.
- Saúde: Aplicações em medicina personalizada, intervenção de risco clínico, redução de desperdícios, relatórios automatizados de dados de pacientes e diagnóstico auxiliado por computador (CAD). Pesquisas biomédicas exploratórias, impulsionadas pela análise de volumes massivos de dados (ômicas), podem avançar mais rapidamente do que a pesquisa baseada em hipóteses.
- Educação: A crescente demanda por profissionais de dados levou à criação de programas de mestrado e bootcamps especializados.
- Mídia: Permite o direcionamento de consumidores para publicidade, captura de dados e jornalismo de dados, fornecendo insights e infográficos únicos.
- Seguros: Seguradoras coletam dados sobre "determinantes sociais da saúde" (consumo, estado civil) para prever custos de saúde.
- Internet das Coisas (IoT): Big Data e IoT trabalham em conjunto, com os dados de dispositivos IoT sendo usados para mapear interconectividade, direcionar audiências e aumentar a eficiência da mídia, além de coletar dados sensoriais para aplicações médicas, manufatureiras e de transporte.
- Tecnologia da Informação (TI): Big Data é usado como ferramenta para aumentar a eficiência dos funcionários e otimizar a coleta e distribuição de informações, com a área de IT Operations Analytics (ITOA) prevendo problemas potenciais e os prevenindo.
- Ciência de Pesquisa: Complementa a coleta de dados baseada em pesquisas tradicionais, oferecendo baixo custo por ponto de dados e utilizando técnicas de aprendizado de máquina em fontes diversas como mídias sociais e aplicativos.
- Marketing: Com a "dataficação" dos consumidores, Big Data permite o reconhecimento de padrões de comportamento, recomendações de produtos personalizadas, capacidade de resposta ao mercado em tempo real e ambidestria de mercado impulsionada por dados. O McDonald's, por exemplo, utiliza Big Data para padronizar seus restaurantes, criar sanduíches baseados em análises de sentimento e otimizar a logística.
- Varejo: Grandes empresas como Walmart processam milhões de transações por hora, e a Amazon lida com milhões de operações de back-end diariamente.
- Ciência: Experimentos como o Large Hadron Collider (LHC) geram 25 petabytes de dados anualmente. O Square Kilometre Array, um radiotelescópio, espera coletar 14 exabytes e armazenar um petabyte por dia. O Sloan Digital Sky Survey (SDSS) já acumulou mais de 140 terabytes de informação astronômica. A decodificação do genoma humano, que antes levava 10 anos, agora pode ser feita em menos de um dia. Google's DNAStack e 23andMe compilam dados genéticos para pesquisa de doenças.
- Esportes: Usado para melhorar o treinamento, entender competidores, prever vencedores e o desempenho futuro de jogadores. Na Fórmula 1, carros com centenas de sensores geram terabytes de dados para engenheiros e analistas.
- COVID-19: Durante a pandemia, Big Data foi empregado para minimizar a disseminação do vírus, identificar casos e desenvolver tratamentos médicos, com governos utilizando-o para rastrear pessoas infectadas.
5. Características do Big Data
As características do Big Data são frequentemente descritas pelos "Vs", inicialmente popularizados como os "três Vs" por Doug Laney em 2001, e posteriormente expandidos para incluir "cinco Vs" ou mais. Essas características são cruciais para compreender a complexidade e o potencial do Big Data.
As cinco principais características são:
- Volume: Refere-se à quantidade de dados gerados e armazenados. É o tamanho que determina se um conjunto de dados pode ser considerado Big Data, geralmente na ordem de terabytes e petabytes, e com projeções de zettabytes. O volume impõe desafios significativos de armazenamento e processamento para as infraestruturas de TI convencionais.
- Variedade: Diz respeito ao tipo e à natureza dos dados, que podem ser estruturados, semi-estruturados ou não estruturados. Big Data lida com texto, imagens, áudios, vídeos, e completa peças ausentes através da fusão de dados. A gestão da variedade de dados, com formatos incompatíveis e semânticas inconsistentes, é um dos maiores obstáculos para a utilização efetiva de grandes volumes de dados.
- Velocidade: A velocidade com que os dados são gerados e precisam ser processados para atender às demandas de crescimento e desenvolvimento. O Big Data frequentemente está disponível em tempo real e é produzido de forma contínua. Para muitas aplicações, a velocidade de criação de dados é ainda mais importante que o volume, pois informações em tempo real permitem maior agilidade e vantagem competitiva.
- Veracidade: A verdade ou confiabilidade dos dados, que se relaciona com a qualidade e o valor dos dados. Para que a análise de Big Data seja valiosa, os dados devem ser confiáveis.
- Valor: O retorno do investimento e o valor da informação que pode ser obtido através do processamento e análise de grandes conjuntos de dados. O valor está diretamente ligado à qualidade dos dados e à agilidade na obtenção de insights, pois resultados obsoletos perdem seu valor.
Outra característica frequentemente incluída é a Variabilidade, que se refere à mudança constante nos formatos, estrutura ou fontes do Big Data, como dados meteorológicos, ou às variações nos fluxos de dados. Outras características possíveis incluem ser Exaustivo (se todo o sistema é capturado), Fine-grained e unicamente lexical (proporção de dados específicos por elemento), Relacional (se os dados contêm campos comuns para meta-análise) e Escalabilidade (capacidade de expansão rápida do sistema de armazenamento).
6. Tecnologias para o Big Data
A complexidade de transformar grandes volumes de dados em soluções de negócios que agreguem valor requer um conjunto robusto de tecnologias. Tradicionalmente, sistemas de gerenciamento de banco de dados relacionais (RDBMS) e softwares estatísticos de desktop têm dificuldade em processar e analisar Big Data, exigindo softwares massivamente paralelos em centenas ou milhares de servidores.
As tecnologias de Big Data podem ser caracterizadas por seus componentes principais e ecossistema, que incluem técnicas de análise de dados (como teste A/B, aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural), as próprias tecnologias de Big Data (business intelligence, computação em nuvem, bancos de dados) e ferramentas de visualização.
A arquitetura de Big Data evoluiu significativamente. Já na década de 1990, fornecedores comerciais ofereciam sistemas de gerenciamento de banco de dados paralelos. A Teradata, por exemplo, foi pioneira em armazenar e analisar terabytes e, mais tarde, petabytes de dados. A Seisint Inc. (agora LexisNexis Risk Solutions) desenvolveu a plataforma HPCC Systems, baseada em C++, para processamento e consulta distribuídos. Em 2004, o Google publicou seu influente artigo sobre MapReduce, um modelo de processamento paralelo que inspirou o projeto de código aberto Apache Hadoop. Posteriormente, o Apache Spark foi desenvolvido em 2012 para superar as limitações do MapReduce, adicionando processamento em memória.
Em termos de tecnologias de processamento e armazenamento, destacam-se:
- Hadoop: Desenvolvido pelo Yahoo em 2005 e posteriormente um projeto Apache, é um framework em Java para processamento e armazenamento distribuído de dados, focado na escalabilidade horizontal.
- Hadoop Distributed File System (HDFS): O sistema de arquivos distribuídos do Hadoop, projetado para ser tolerante a falhas em hardware de baixo custo. Utiliza NameNodes (gerenciamento) e DataNodes (armazenamento), com replicação de dados para garantir integridade e disponibilidade.
- MapReduce: O modelo de programação do Hadoop para tratamento de dados, dividindo tarefas em fases de "map" (mapeamento, tratamento, agrupamento de dados) e "reduce" (processamento dos dados agrupados para torná-los úteis).
- Hadoop YARN: Introduzido na versão 2.0 do Hadoop, separa as funcionalidades de gerenciamento de recursos e agendamento de tarefas.
- Hadoop Pig: Uma linguagem de alto nível para análise de grandes volumes de dados.
- Hadoop Spark: Uma interface de programação para tratamento e processamento de dados, conhecida por seu alto desempenho (até 40 vezes maior que o Hadoop em certas aplicações) devido ao processamento em memória.
- Bancos de Dados NoSQL: Essenciais para lidar com dados não estruturados, diferentemente dos bancos de dados relacionais.
- Exemplos incluem Big Table (Google), DynamoDB (Amazon), Neo4j e MongoDB (orientado a documentos, sem o conceito de linhas e tabelas, armazenando informações de um objeto em um único documento).
- HBase: Um framework para Hadoop que oferece um data warehouse para armazenamento de dados não estruturados (NoSQL).
- Hive: Uma ferramenta Hadoop que permite o armazenamento de dados em formato estruturado, com a linguagem Hive Query, similar ao SQL.
- Stream Process: Tecnologia que permite a análise de dados em tempo real, gerando ações imediatas em resposta aos insights levantados, ao contrário do Hadoop que analisa dados já armazenados.
A computação em nuvem é outro fator tecnológico importante, dada sua capacidade de suportar imensos volumes, sua elasticidade e custo mais baixo em comparação com servidores físicos. Apesar de muitas tecnologias Big Data serem gratuitas ou de baixo custo, a expertise necessária para arquitetar e programar esses softwares é alta, demandando equipes especializadas. A resiliência é um atributo essencial, pois as organizações devem se adaptar prontamente às constantes mudanças no volume, natureza e velocidade dos dados.
7. Big Data Aplicado às Empresas
Ignorar o volume crescente de dados disponíveis é um erro que pode levar ao fracasso nos negócios, pois eles são cruciais para prever tendências e mudanças no mercado. Para as empresas, o Big Data visa principalmente a quatro objetivos fundamentais:
- Redução de custos.
- Economia de tempo.
- Desenvolvimento de produtos e otimização de ofertas.
- Otimização das tomadas de decisão.
A análise de Big Data permite identificar falhas e problemas quase em tempo real, criar promoções com base nos hábitos de compra dos clientes, detectar comportamentos fraudulentos e recalcular carteiras de risco. O propósito central é encontrar padrões comportamentais para monitorá-los e, diante de alterações, tomar decisões estratégicas. O Big Data Analytics é a ferramenta que permite extrair, organizar, tratar e interpretar esses dados para transformá-los em informações úteis.
No ambiente corporativo, os dados podem ser de três tipos:
- Social data: Derivados de pessoas, ajudam a identificar comportamentos, como pesquisas no Google e comentários em redes sociais.
- Enterprise data: Gerados pelas próprias organizações (RH, financeiro, produção), usados para mensurar produtividade e identificar gargalos.
- Personal data ou data of things (IoT): Originados de dispositivos conectados à internet (TVs, carros, geladeiras), fornecem informações em tempo real sobre o ambiente físico.
7.1. Aplicações em Setores Específicos
- Marketing: Essencial para identificar o comportamento do consumidor, criando ações específicas e encontrando o cliente certo para cada produto. Empresas como o McDonald's coletam e combinam dados de seus maiores restaurantes para padronização, criando sanduíches baseados em análises de sentimento e ajustando a logística em tempo real.
- Controle de Qualidade: Permite analisar diversas variáveis, como defeitos por unidade, rendimentos e condições ambientais, integrando dados de produção para identificar e eliminar gargalos. A FarmLogs, por exemplo, utiliza mineração de dados para prever cenários de colheitas, aumentando a produtividade agrícola.
- Financeiro: Crucial para monitorar a saúde do negócio. Bancos como o JP Morgan utilizam algoritmos complexos para prever tendências do mercado de ações, auxiliando investidores e permitindo a análise interna de dados de outros setores para maior lucratividade.
8. Gestão da Informação
A gestão da informação foca no valor estratégico da informação em uma organização. McGee e Prusak (1994) propõem um modelo de processo de gerenciamento de informação com três tarefas principais: identificação de necessidades e requisitos, classificação e armazenamento da informação, e desenvolvimento de produtos e serviços de informação.
Davenport (2000) complementa com o Modelo Ecológico para o gerenciamento da informação, que enfatiza uma abordagem holística e a integração de diversos tipos de informação. Este modelo considera três ambientes:
- Ambiente Informacional: Abrange a estratégia, política, cultura, equipe, processos de administração e arquitetura da informação.
- Ambiente Organizacional: Inclui as atividades organizacionais, investimentos em tecnologia e distribuição física.
- Ambiente Externo: Consiste em informações sobre mercados de negócios, mercados tecnológicos e mercados da informação.
A gestão da informação é um processo estruturado de atividades para obter, distribuir e usar a informação e o conhecimento. Seus quatro passos são:
- Determinação das exigências: Compreender o contexto gerencial e identificar as fontes e informações necessárias.
- Obtenção de informação: Atividade contínua que acompanha o desenvolvimento organizacional, envolvendo exploração, classificação, formatação e estruturação da informação.
- Distribuição: Disseminar a informação aos gerentes e funcionários que necessitam dela, definindo as estratégias de divulgação.
- Utilização da informação: A etapa mais crucial, onde todos os esforços convergem para garantir o uso efetivo da informação no contexto organizacional.
A informação é concebida como matéria-prima para a geração de conhecimento, e a gestão da informação expande-se para a gestão do conhecimento, lidando com informações formais e informais e visando transformar informações em conhecimento estratégico.
9. Gestão do Conhecimento
A gestão do conhecimento, surgida nos anos 1990, está intrinsecamente ligada à estratégia organizacional e à busca por diferencial competitivo. Ela trabalha com dois tipos de conhecimento:
- Conhecimento Explícito: Facilmente articulado, codificado e transmitido (ex: documentos, dados estruturados).
- Conhecimento Tácito: Mais valioso, mas difícil de ser codificado e transmitido, pois é o acúmulo de saber prático, convicções, crenças, sentimentos e experiências pessoais.
Apesar da sua importância crescente, muitas empresas ainda encontram dificuldades em aplicá-la efetivamente, muitas vezes confundindo-a com a gestão da informação. A gestão do conhecimento é um processo complexo, intimamente relacionado com a comunicação nas organizações, que busca planejar e controlar ações, mecanismos e ferramentas para governar o fluxo do conhecimento, tanto explícito quanto tácito.
O objetivo é transformar a organização em uma "comunidade humana" onde o conhecimento coletivo é valorizado, criando redes informais que impulsionam a inovação e o desenvolvimento. Enquanto o conhecimento em si é intangível e não pode ser totalmente controlado pelo gestor, a gestão do conhecimento visa direcionar as informações para as pessoas e equipes certas, facilitando a compreensão e a geração de novo conhecimento pelos usuários. Assim, a gestão da informação foca na identificação e organização das informações existentes, enquanto a gestão do conhecimento se concentra na utilização dessas informações, aliada à percepção e experiência dos usuários.
10. Gestão de Dados
A gestão de dados tem como objetivo gerenciar e proteger os dados das empresas, tratando-os como um recurso valioso capaz de transformar informações em valor empresarial e subsidiar decisões estratégicas. No contexto da Transformação Digital, onde a quantidade de dados cresce exponencialmente devido aos processos digitais, um gerenciamento inteligente da informação é ainda mais crucial. A segurança dos dados tornou-se uma prioridade máxima.
Empresas que falham na organização de suas informações enfrentam gastos desnecessários com armazenamento, compliance e recursos humanos, além de perderem tempo na busca e gerenciamento de dados. A gestão de dados é considerada um alicerce fundamental da Transformação Digital, indo além da tecnologia para impactar a cultura organizacional e as operações.
Uma gestão de dados eficiente gera vantagem competitiva e oferece diversos benefícios:
- Melhor alinhamento entre as áreas de tecnologia e de negócio.
- Conhecimento dos dados utilizados na empresa através de um vocabulário único.
- Entendimento das necessidades de dados e informações para planejar a absorção, criação e transformação de novos dados.
- Melhoria na qualidade e confiabilidade dos dados (tornando-os mais claros, precisos, íntegros, integrados, pertinentes e oportunos).
- Criação de uma cultura de uso de indicadores de processo e qualidade dos dados.
- Reutilização de dados corporativos, reduzindo esforços, tempos e custos de desenvolvimento.
- Redução de riscos e falhas no desenvolvimento de sistemas e aplicações.
- Eliminação ou redução drástica de informações redundantes.
- Estabelecimento de mecanismos formais de segurança, acesso e disponibilização de dados.
- Aumento da produtividade dos usuários de dados e informações.
Para que a cadeia de dados evolua e atinja seus objetivos, a disciplina da gestão de dados deve atuar nos estágios iniciais, daí a ênfase no termo "Gestão de Dados" em vez de "Gestão das Informações" ou "Gestão do Conhecimento", embora todos sejam interligados e dependam do nível de maturidade da empresa.
11. Gerenciamento de Dados
O gerenciamento de dados é essencial para o sucesso e o crescimento sustentável de qualquer negócio. Pode ser resumido como organização: o processo de coletar, validar, armazenar e garantir a segurança dos dados para que possam ser transformados em informações úteis. A tomada de decisões fundamentada em dados crus pode ser perigosa; é necessário analisar cada detalhe para qualificar o processo decisório. Quando as informações estão bem organizadas e armazenadas de forma integrada e ordenada, o acesso a documentos importantes torna-se muito mais fácil.
11.1. Ameaças à Segurança da Informação
A segurança dos dados é de extrema importância, e a sua violação pode comprometer o futuro do negócio. As principais ameaças incluem:
- Ciberataques: Invasões de rede por cibercriminosos, comprometendo a integridade dos dados e introduzindo vírus.
- Configurações de segurança desatualizadas: Empresas que não aproveitam as funcionalidades de personalização de segurança e restrição de acesso por nível de usuário tornam-se mais vulneráveis .
- Desastres: Eventos como ataques de ransomware (ex: WannaCry em 2017) que sequestram dados, ou desastres naturais, falhas humanas e quebras de equipamentos, podem levar à perda total de dados se não houver um programa de recuperação de desastres.
11.2. Estratégias para Segurança e Eficiência
Para garantir a segurança e a eficiência do gerenciamento de dados, algumas ações são cruciais :
- Backups diários: Dada a imensa quantidade de dados gerados, backups diários, preferencialmente automatizados, são recomendados para minimizar perdas.
- Uso da computação em nuvem (Cloud Computing): Uma tendência de mercado que oferece praticidade, dinamismo e capacidade de suportar grandes volumes. Garante a preservação e integridade dos dados, além de facilitar a disponibilidade, o compartilhamento e agilizar o fluxo de atividades, otimizando o tempo.
- Ferramentas de monitoramento e controle: Auxiliam na averiguação de suspeitas de ataques ou vazamentos e reforçam o sigilo interno, garantindo que o acesso às informações seja feito de acordo com o nível de autorização .
12. Conclusão
O Big Data representa uma transformação fundamental na forma como as organizações e a sociedade lidam com a informação. Impulsionado pela proliferação de dispositivos conectados e pela contínua "dataficação" das interações humanas, o volume, a velocidade e a variedade dos dados atingiram níveis sem precedentes, superando as capacidades das abordagens tradicionais .
Mais do que um mero volume de dados, o Big Data é um conceito que abrange as tecnologias, arquiteturas e métodos analíticos avançados necessários para extrair valor e insights significativos de conjuntos de dados complexos . Suas características (Volume, Variedade, Velocidade, Veracidade, Valor e Variabilidade) definem a sua complexidade e o potencial que oferece para a otimização de processos, desenvolvimento de produtos e apoio à decisão em praticamente todos os setores, desde o governo e a saúde até o varejo e os esportes .
A adoção de tecnologias como Hadoop, Spark e bancos de dados NoSQL é crucial para navegar neste novo ambiente . Contudo, o sucesso do Big Data depende intrinsecamente de uma gestão de dados robusta, que trate a informação como um ativo estratégico, garanta sua qualidade e segurança, e promova a transformação de dados brutos em conhecimento acionável. Ao alinhar a gestão de dados, informação e conhecimento, as organizações podem não apenas mitigar riscos e reduzir custos, mas também impulsionar a inovação e manter uma vantagem competitiva sustentável na era digital.
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